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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Desembarquemos [058]


 
Há ventos que nos desviam
para rotas inúteis,
em águas geladas de rumos
sem roda do leme,
sem azimutes.
 
No retorno à amarração dos afectos
[do nosso mapa
vivo e tinto do começo original],
há vontades afogadas.
 
Já não sentimos na pele
o que construímos de fio a pavio
em tempos de mar chão,
num sopro desfeito
em vendavais de imperícia,
em acostagens a ancoradouro algum.
 
Desembarquemos,
 
Porque o nosso bote
[eternamente inacabado
sem leme, sem norte, sem costado],
resvalaria sem pedidos de socorro
para as águas madrastas sem fundo.
 
Desembarquemos,
 
Porque beberíamos a onda
do naufrágio final
à vela de palavras submersas
e agarrados a bóias de chumbo.
 
Jaime Portela
 
 

60 comentários:

Carmen Lúcia.Prazer de Escrever disse...

Olá Jaime,um poema lindo falando em desafetos de um amor.
Bem reflexivo!
Gostei muito.
Carmen Lúcia.

Lua Singular disse...

Assim é a vida cheia de perigos, mas mesmo assim persistimos numa aventura que pode nos causar a morte.
Quem é Jaime Portela? Um grande poeta.
Beijos
Lua Singular

SOL da Esteva disse...

Grito "assanhado" de justa revolta. Poema de intervenção, justo, completo.
Salvar o que se pode, ainda, salvar.
Sabemos do peso das bóias de chumbo, que inevitavelmente nos arrastam para o fundo.
Perfeito, Jaime.

Abraço
SOL

Maré Viva disse...

Ambos escrevemos hoje e postamos.
O teu poema veste-me como uma segunda pele, vou fazer de conta que fui eu que o escrevi, mas não digo a ninguém, só a ti...
Um abraço.

Marta Vinhais disse...

Desembarcar e recomeçar...
Reinventar, reviver... Inspirar...
Corro o risco de me repetir, mas é brilhante....
Beijos e abraços
Marta

Brisa disse...

...num esfregar de olhos,desembarquemos...
Estão perfeitas as tuas palavras...

Bjo e desejo-te um bom fim de semana que se aproxima

Nequéren Reis disse...

Que lindo poema arrasou, blog maravilhoso sucesso seguindo
Blog:http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br/
Meu canal:https://www.youtube.com/watch?v=apP6eHn5PlI

Graça Alves disse...

Que maravilha!
Como me identifico!
bjinho

Cidália Ferreira disse...

Fabuloso poema! Parabéns.. Amei

Beijo de boa noite

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Emília Pinto disse...

Há novas aqui..novidades acolá; ventos sopram aqui e do mesmo modo sopram lá. O nosso bote tem que seguir, muitas vezes sem rumo, sem leme, enfrentando as ondas raivosas de um mar que se desejaria calmo. Há pedidos de socorro e muitos; nem sempre são os nossos, mas os ventos os trazem e não há como não ouvir..sentir...ver e inevitavelmente sofrer. Alguém, um dia, escreveu em letras bem alinhadas feito poema , poema belo, mas doído, pedindo : " Façam por não verem " e ao lê-lo não pude deixar de encontrar semelhanças no teu pedido e no dele.
Claro que me é difícil, diria até impossível, saber o que te ia na alma na hora do desembarque, mas sei o que ia na minha quando ordenaste " desembarquemos ". Por mais que tentemos, será que conseguimos não ver ? Gostaria tanto não ter de ver!!! E desembarcar ? Penso que não está ao nosso alcance. O bote segue e os ventos não sopram o suficiente para o desviar. Não sei!!! Haverá com certeza um naufrágio final, amigo! Sabes o que sei com toda a certeza? É que adoro os teus poemas e que, sem pedir licença, os interiorizo e deixo que a minha alma os interprete.
pode ser até considerada uma ousadia esta minha atitude, mas penso que o autor não se importa...
Parabéns, amigo e fica bem.
Beijinho
Emilia

( já é o 2o comentário que faço. Quando me preparava para publicar a internet falhou )

madrugadas disse...

Não há rima neste desembarque.
Existe o bom senso
Desejo de procurar certezas.
Ancorar antes do naufrágio final.
A embarcação é frágil
E o temporal será imprevisto.

Mariazita disse...

Ventos inesperados varrem a nossa vida sem que possamos fazer nada para os deter.
Tudo o que construímos ao longo de uma vida desaparece num sopro, num último suspiro.
Temos que socorrer-nos dos afectos que ficaram.
Belo poema, para mim introspectivo, que me fez recuar no tempo…
Bom fim de semana, querido amigo.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

Manuel Veiga disse...

de facto, o mar alto tem riscos...
ou se ruma em segurança, ou então o desembarque...

um belo poema. como sempre.

bom fim de semana também para ti, meu caro Jaime

Pensamentos Com Asas disse...

Muito lindo! Assim são os recomeços...

Um lindo dia pra ti. Beijos

Vera Lúcia disse...


Olá Jaime,

Um poema de insurgimento construído com brilhantismo.
Parece que "vendavais de imperícia" andam soprando por aqui também. Salve-se quem ainda puder.

Ótimo final de semana.

Abraço.

VITORIO NANI disse...

Olá, Jamie!
Creio que o mais difícil é perceber que é chegado o momento de desembarcar!
Às vezes, acabamos bebendo a onda mesmo, e o sabor do sal permanece por muito tempo ardendo na garganta, quando não afundamos de vez, agarrados a boias de chumbo! Assim é a vida, amigo!
Abraços e bom fim de semana!

RENATA CORDEIRO disse...

Desembarquemos, antes que seja tarde e tudo se perca. Belíssimo poema reflexivo.
Beijo e bom fim de semana,
Renata

Daniel Costa disse...

Desembarquemos, vivendo os momentos de beleza poética que aqui nos é proporcionada nesta estação, neste ancoradouro.
Abraços

Minhas Pinturas disse...

Olá Poeta;
Um grito, desilusão, despedida do que sonhou e planejou e não dá mais.
Fica só o gosto amargo do adeus...
Lindo e nostálgico poema, amei.
Grande abraço,
Léah

Andreia Morais disse...

Fantástico *.*

r: Muito, muito obrigada!

Lu Nogfer disse...

Por vezes é necessário o desembarque para seguirmos rotas mais seguras.
Parabens, amigo por mais estes lúcidos versos.

Ótimo final de semana pra você.

Beijos.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Caro Jaime, meus parabéns pelo seu bem construído poema (repetindo-me ao parafrasear João Cabral de Melo Neto, um dos três melhores poetas brasileiros: poema se faz com 5% de inspiração e 95% de transpiração).
Um abraço.

Laura Santos disse...

O vento faz balançar as embarcações e pode enviar-nos para rumos indesejados e perigosamente definitivos. Por isso convém na nossa vida que não descuremos a rota segura em direcção ao porto que desejamos.
Desembarquemos dos botes frágeis e vulneráveis que não aguentam uma forte ventania.
Um poema insurrecto, construído com a força das grandes marés.
xx

Suzete Brainer disse...

A beleza ímpar da tua Poesia, nós (leitores)
mergulhamos com encanto neste mar poético
de inspiração, querido amigo!
Devolvendo para ti agora:Tu és um Poeta grandioso, sabias?...rss
Um ótimo final de semana para ti!
Beijo.

Helena disse...

Desembarquemos... Um pedido? Uma ordem? Uma súplica?
O que for, tem o sentido de um lamento, como se ao explicitar situações os ventos que desviavam “para rotas inúteis” pudessem aquecer as águas e definir novos rumos mesmo “sem leme, sem norte, sem costado”. E assim se livrariam da “onda do naufrágio final” agarrados em bóias de “rama de algodão” até que pudessem escutar “não o ruído, mas a melodia dos trinados cintilantes dos passarinhos”. E assim, vestidos de estrelas, um dia sentirão saudades “do futuro de vozes e sorrisos já passados…”.

Jaime, meu querido amigo, mesmo sabendo que aos grandes poetas podemos apenas oferecer nossa apreciação e não a interferência nos versos tão habilmente escritos, mesmo assim, numa inversão poética, tomei a liberdade de parafrasear versos teus que ainda não conhecia, para tecer meu comentário.

Espero que desculpe a ousadia e leve em conta da admiração que em mim despertas por poemas tão magistralmente construídos.

Deixo milhares de sorrisos e um punhado de estrelas para enfeitar as horas do teu final de semana.
Com carinho,
Helena

Zilani Célia disse...

OI JAIME!
PRECISAMOS DESTA CORAGEM POIS, AS VEZES, MELHOR É DESEMBARCAR DO QUE NAUFRAGAR NOS MARES DE NOSSAS VIDAS.
LINDO DEMAIS.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Unknown disse...

Amigo Jaime,

lindo poema, por vezes, nos sentimos assim, sem leme, sem norte, sem costado e o melhor mesmo e desembarcar, respirar o cheiro de mar, testar a areia fofa abaixo de nossos pés, nos sentirmos seguros para outra vez embarcarmos em nossos sentimentos, começamos ou recomeçarmos, essa expedição a nós mesmos, primeiro a nós, para que cheguemos ao outro.
Senti assim, ao ler seu poema, um ótimo fim de semana e um beijo doce.

Tais Luso de Carvalho disse...

Olá, Jaime, o maior problema é agarrarmos a boia de chumbo...será o grande final, não tem volta.
Há o que pensar, se possível antes de embarcar nas tempestades da vida...
Beijos.

MEU DOCE AMOR disse...

Olá:

Agradeço as visitas.

Um poema que vem a calhar.Será que desembarcar é o caminho?Pode ser, sobretudo se o barco já está caótico.Há mais barcos...

Beijinho doce:)

Mª Jose M. disse...

Olá Poeta,

Quantas vezes esse(s) desembarque(s) acontecem no real da vida da gente!
Sempre o gosto bom de te ler...
Para a "hora do desembarque" deixo palavras soltas

I
O AMOR É COMO O CHOCOLATE
II
Não digas nada !
SABOREIA A VIDA ...

Palavras soltas disse...

Tem muitos outros caminhos melhores e mais seguros.
Gostei muito, Nilson.

Beijo.

Ana Freire disse...

Por vezes haverá doces viagens, que nos embalam... conduzindo a um naufrágio final... quando navegamos sem leme, nem norte... parece-me uma analogia perfeita... às políticas europeias... que fizeram naufragar as expectativas dos fundadores da UE... que teriam genuínos princípios... e que têm mesmo vindo a morrer na praia, aos poucos...
O que aconteceria se desembarcássemos?... A Islândia... pensou duas vezes... e foi o melhor que fez... não quis embarcar... em comboios, que nunca levaram a nenhum lado, até agora... e já muito dificilmente levarão...
Adorei o poema! Proporciona-se a interpretações, em variadas vertentes...
Beijinho! Bom domingo, e uma excelente semana!
Ana

manuela barroso disse...

Há mares onde as marés nos irritam . Remexem na quilha do barco que começa a desgovernar - se , inquietando o balouçar das águas onde repousar o nosso sossego . Sei deste mar ingovernável , desconcertante e miserável . Deixa que penetre entre as grutas e me refugie no meu mar de silêncio .
Aí me encontrarás
Belo poema , Jaime. De ti não espero outra coisa
Beijinho !:)

CÉU disse...

Será melhor? Será melhor! Será melhor. A vida tem embarques e desembarques, que, raramente, podemos avaliar, mas como sou pela estabilidade e segurança, não dou luz verde a passagens, que mais não são que meras passagens, que não olham as margens.
Bom domingo. Beijo.

By Me disse...



Este poema remete-me para o filme " A tempestade"

Os Homens recusam-se a aprender! Nesta imensa teia de interesses pessoais, de jogadas, de esquemas, de corrupção, a corda rói do lado mais fraco, até chegar aos que se julgam intocáveis!

Desembarquemos se ainda há tempo...mesmo agarrados às âncoras de chumbo que inevitavelmente nos conduzirão ao fundo!
Cito:

"Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem"

Parabéns pela magnificência da tua escrita!

Beijo, querido amigo e bom domingo!





Shirley Brunelli disse...

Sim, Jaime, há ventos que açoitam nossa alma e muitas vezes, ficamos à deriva...
Muito bonito o seu poema, amigo.
Beijo!

Blog da Gigi disse...

Lindo domingo!!!!!!!!!! Beijos

MARILENE disse...

Não há segurança em águas revoltas, onde o vento nos conduz a caminhos que não procuramos. Se o porto seguro não se avizinha, que pisemos em terra firme, para não naufragarmos. Belo poema!!! Abraço.

Labirinto de Emoções disse...

Olá Jaime
Belissimo poema!
Resta-nos guardar no coração tudo o que de bom por nós passou, o resto é fechar a chave e deitar a chave fora.
Beijinho grande
Teresa

Mirtes Stolze. disse...

Boa tarde Jamie.
Muito dificil o momento de desembarcar! Às vezes preferimos está nas onda da vida, mesmo que tomamos caldos rsrs, tendo como prioridade não afundamos de vez, agarrados a boias de chumbo! A vida tem dessas coisas. Uma feliz semana meu amigo, enorme abraço.

Magda Carvalho disse...

Que bonito poema :)
http://retromaggie.blogspot.pt/

MS disse...

Um poema lindo. Demasiado pessismo, no entanto... soa a grito de desafecto, desencorajamento, desilusão.

Há mais mares, outros barcos, diferentes paisagens. Talvez assim reflictamos melhor no que deixámos.

Gosto do teu poetar, mas me sinto melhor quando te leio mais positivo.

Boa semana!
Beijos

Fá menor disse...

Há desembarques forçados, mas é preciso sempre navegar: que não se deixe naufragar o barco, que se lhe dê uma limpeza em dia de sol e depois se impele rumo novo.

Boa semana, amigo! Bjs

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

JP

este desembarquemos pode nos levar a várias interpretações deste poema, mas é nisso que reside a beleza da poesia.

latente os perigos das rotas dos ventos e dos sonhos de que é construída a vida.
o desembarque pode ser um retorno como pode ser um porto seguro.

muito belo o teu poema.

uma boa semana cheia de inspiração.

um beijo amigo

:)

Escritora de Artes disse...

Belíssimo...

Obrigada pela visita

Abçs

Aninha Ferreira disse...

ola ola
ha tanto tempo que eu nao vinha aqui.
este poema fez-me lembrar o tempo de escola, nao sei porque mas foi bom

(ja agora aviso que o meu blog que costumava visitar esta um pouco parado devido a falta de imaginaçao para escrever um texto em condiçoes, entretanto criei um blog de variados temas, se quiser visitar, http://aquelecantinhodaaninha.blogspot.pt/ mas o outro nao estara esquecido, sempre aue tiver um novo texto sera publicado)

Ailime disse...

Boa tarde Jaime,
Magnífico poema!
Desembarquemos mas não desistamos de alcançar a outra margem.
Beijinhos e continuação de boa semana.
Ailime

Ana Tapadas disse...

Desembarquemos!

Que convite acertado, meu amigo.
Belo poema.

Beijo e boa semana.

Ana Freire disse...

Passando por aqui, novamente, só para dizer, que atribuí uma distinçãozinha, por lá no meu canto, aqui ao seu magnifico blog, Jaime!
Beijinho! Continuação de uma boa semana!
Ana

Ana Simões disse...

Desembarquemos... deixando para trás memórias afogadas... Desembarquemos porque "o nosso bote eternamente inacabado" nunca nos levará ao rumo desejado... Porque... somos insatisfeitos e a vida é feita de embarques e desembarques.
Já tinha saudade de te ler...
Parabéns amigo !!

M. disse...

Poema muito inspirador e cheio de bons lemas/lemes!!!

Diana Fonseca disse...

Desembarquemos mas voltemos!

São disse...

Meu caro amigo, quando é para morrer tanto faz que desembarquemos como não.

Obviamente , esta certeza não significa que nem apanhemos sequer o barco, como na estória do crente face a uma cheia descomunal.

Abraços

Anderson Lopes disse...

Como diria Caetano, "navegar é preciso, viver não é preciso"

Abraço!

rosa-branca disse...

Desembarquemos então, para não irmos no naufrágio e ainda por cima agarrados a bóias de chumbo. Poema brilhante como sempre Jaime. Beijos com carinho.

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, desembarquemos para não entrarmos dentro da tempestade, ela faz dos mais fracos as únicas vitimas.
AG

Graça Pires disse...

Desembarquemos, então. Apesar da "amarração dos afectos", já que o vento não está de feição... Um poema denso e sentido, meu amigo Jaime.
Beijos.

Jaime Portela disse...

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Caros amigos
Obrigado pelos vossos comentários. Voltem sempre.
Entretanto, acabei de publicar novo poema. Espero que gostem.
Continuação de boa semana para todos.
Saudações poéticas.

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Agostinho disse...

O poeta avisado aconselha antes que a tormenta se levante: "desembarquemos".
Poema de hábil urdidura.
BFS

Maria Teresa Valente disse...

Sim, desembarquemos, antes que naufraguemos!
Perfeito!
Abraços carinhosos
Maria Teresa