Na ternura da lezíria,
ao pôr-do-sol mais dourada,
somos campinos de um paraíso
feito de planícies de touros distraídos.
Caminhamos descalços
sobre arrozais de beijos
com vontade de atirar pedras
ao rio de gaivotas previsíveis.
Olhamos lerdos
o mar de pardais
a desenhar azinheiras adormecidas
no sonho cansado da lezíria.
Mas há quem diga
que trazemos a primavera
no corpo e na rosa
que queremos florir.
E que transportamos no sangue
o vinho maduro onde o nosso desejo
se quer rever e brindar.
Mas talvez sejamos apenas
campinos de touros distraídos.
Jaime Portela