O tempo deveria ser diferente
e não caminhar sempre em frente
sem olhar para onde vai.
Poderia ter curvas e contracurvas
e até marcha atrás de vez em quando.
Também gostaria
que as noites não fossem escuras
e que tivessem sempre a lua cheia
com o triplo da luz
(o que se poupava em iluminação pública).
Seria bom, também,
que as guerras fossem proibidas,
que ninguém passasse fome nem frio
e que a verdade fosse a única opção.
Mas a vida segue o seu curso
e sabe a sonho e a pedra,
a ternura e a desamor,
a sucesso e a desgraça,
a esperança e a desespero,
a paz e a guerra.
O tempo arrasta-nos,
empurra-nos,
ilude-nos
e alaga-nos em remoinhos de lodo.
Envelhece-nos e mata-nos a todos.
© Jaime Portela, Março de 2024